Refletindo

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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

MANIFESTO DA FILOSOFIA MARGINAL

Saudações Marginais ф
Um dia, o mais provável é tornares-te por um chato, se deixares de sair à noite e começares a levar-te demasiado a sério. É assim que começa o manifesto da filosofia marginal que apela a todos aqueles (as) que têm um espírito jovem que assim se mantenham atentos (as) e que ignorem esse dia que os tornará apenas mais um, mas que continuem a beber o vinho dionisíaco
O manifesto abarca todas as normais ilusões da juventude e coloca em destaque o inimigo: o conformismo que assola as gerações mais velhas. Esta marca da filosofia marginal que está aqui não para vender um remédio contra a hierarquia, mas sim uma filosofia numa posição ética. Ainda mais, não se trata de uma filosofia que a marginalidade criou; sim uma filosofia já existente, a originalidade, a independência de transmitir e trocar saberes que incorporamos nas suas práticas. Não é a primeira tendência da filosofia a enveredar por este caminho. A filosofia de Sócrates e sua generation também tentaram fazê-lo da juventude a concretude deste sucesso, por exemplo, Platão.
Quando se está tentando ser teórico demais, então deve ter lido um cara-palhaço de livros e está tentando dar uma cara intelectual-teórica típica para tal manifestação. Meio cara-malhada toda essa parafernália só conseguiu aumentar o ninho de cobras que é a sua idéia. Não se ofendam com o ninho de cobras, talvez você possa simplesmente simplificar suas idéias pra que elas fiquem mais claras. Tem gente que só vive enchendo a cara e acha que atirar uma pedra na cara do primeiro que passar na rua é uma maneira de subverter o padrão, e que anda trocando de lado mais continua perpetuando os mesmos valores, confundindo meia dúzia com dez mandamentos.
Estamos em outros tempos: tempos de pseudo-liberdade. Temos direito de expressão, entretanto os nossos discursos já não ressoam com tanta força, já não causam impacto nessa massa de conhecimento inerte e ações indolentes, nesse gado que trafega desorientado pelos corredores dos currais sociais.
O que aconteceu com os pensadores e intelectuais dos tempos de agora?  O que foi feito com a índole revolucionaria desta mocidade e juventude dos dias de hoje? Tudo transformado em barro moldado pelo sistema; síndrome conhecida como massa de manobra.
Se agirmos pela força, enfrentaremos um sistema gigantemente coercivo e repressor. Pela intelectualidade seremos satirizados e ridicularizados. Pela impulsão carnal seremos condenados como psicopatas sociais. Por paixões ideológicas seremos taxados de loucos e alienados. (Pintura abaixo de NL)

                 
Estamos vivendo em um labirinto social, sem ponto de partida, nem alvo de chegada, confinados em um reduto que quer empurrar suas absurdas idéias “goela abaixo”, e quando por nós rejeitadas, nos obrigam a engolir o próprio vômito.
Os filósofos, artistas e intelectuais estão relegados a um plano desconhecido, salvo-conduto, aqueles, cujo sistema já possui como aliados. Fora desta dimensão, os escassos outros pensadores, estão condenados a marginalização: não são pragmáticos para a ideologia vigente; portanto sem serventia para o sistema.
No entanto é valioso ressaltar que o termo aliado recebe conotações escravagistas modernas. Os parceiros do sistema efetuam o papel de humanóides (seres cerebrais sistematizados em função de uma ideologia cuspida de cima para baixo), não possuem razão própria.
O Círculo de Ribeirão é a resistência contra todos os “escarros” lançados sobre nossas cabeças, oriundos desta parafernal boca denominada “Estado de Poder”, e estamos cientes que resistir não significa impedir ou evitar.
A postura é a das mais ousadas possíveis: vanguarda. A identidade magna que a nós pertence é a capacidade de compreender a artilharia mental e mortal do adversário.
Romper com as mazelas do sistema significa assumir a posição de amantes da sabedoria marginal. Sim. Somos filósofos marginalizados pelo sistema. Enxergam-nos como excrementos e constantemente estamos sendo lançados para dentro das “privadas ideológicas”, sob a pressão de “distúrbios legais” e “descargas morais”.
È a luta entre Davi e Golias em episódios desiguais, desta vez o prepotente e gigante Golias, munido com sua pesada e pontiaguda lança, enfrenta um Davi desarmado e sem a ajuda divina.
O momento nos exige extrema organização. Pensar novas estratégias, aprimorar as habilidades cognoscíveis, expandir-se para o novo, libertar dos velhos paradigmas e atirar-se sem medo para o desconhecido.

O mito da caverna (Platão)

"Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ele e os prisioneiros – no exterior, portanto – há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte frontal de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela os prisioneiros enxergam na parede no fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginavam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.Que aconteceria -indaga Platão- se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria.Num primeiro momento ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda a sua vida, não vira senão sombra de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade.
O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das idéias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética. O que é a visão do mundo real iluminado? A Filosofia. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembléia ateniense)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro."