Saudações Marginais ф
Um dia, o mais provável é tornares-te por um chato, se deixares de sair à noite e começares a levar-te demasiado a sério. É assim que começa o manifesto da filosofia marginal que apela a todos aqueles (as) que têm um espírito jovem que assim se mantenham atentos (as) e que ignorem esse dia que os tornará apenas mais um, mas que continuem a beber o vinho dionisíaco
O manifesto abarca todas as normais ilusões da juventude e coloca em destaque o inimigo: o conformismo que assola as gerações mais velhas. Esta marca da filosofia marginal que está aqui não para vender um remédio contra a hierarquia, mas sim uma filosofia numa posição ética. Ainda mais, não se trata de uma filosofia que a marginalidade criou; sim uma filosofia já existente, a originalidade, a independência de transmitir e trocar saberes que incorporamos nas suas práticas. Não é a primeira tendência da filosofia a enveredar por este caminho. A filosofia de Sócrates e sua generation também tentaram fazê-lo da juventude a concretude deste sucesso, por exemplo, Platão.
Quando se está tentando ser teórico demais, então deve ter lido um cara-palhaço de livros e está tentando dar uma cara intelectual-teórica típica para tal manifestação. Meio cara-malhada toda essa parafernália só conseguiu aumentar o ninho de cobras que é a sua idéia. Não se ofendam com o ninho de cobras, talvez você possa simplesmente simplificar suas idéias pra que elas fiquem mais claras. Tem gente que só vive enchendo a cara e acha que atirar uma pedra na cara do primeiro que passar na rua é uma maneira de subverter o padrão, e que anda trocando de lado mais continua perpetuando os mesmos valores, confundindo meia dúzia com dez mandamentos.
Estamos em outros tempos: tempos de pseudo-liberdade. Temos direito de expressão, entretanto os nossos discursos já não ressoam com tanta força, já não causam impacto nessa massa de conhecimento inerte e ações indolentes, nesse gado que trafega desorientado pelos corredores dos currais sociais.
O que aconteceu com os pensadores e intelectuais dos tempos de agora? O que foi feito com a índole revolucionaria desta mocidade e juventude dos dias de hoje? Tudo transformado em barro moldado pelo sistema; síndrome conhecida como massa de manobra.
Se agirmos pela força, enfrentaremos um sistema gigantemente coercivo e repressor. Pela intelectualidade seremos satirizados e ridicularizados. Pela impulsão carnal seremos condenados como psicopatas sociais. Por paixões ideológicas seremos taxados de loucos e alienados. (Pintura abaixo de NL)
Estamos vivendo em um labirinto social, sem ponto de partida, nem alvo de chegada, confinados em um reduto que quer empurrar suas absurdas idéias “goela abaixo”, e quando por nós rejeitadas, nos obrigam a engolir o próprio vômito.
Os filósofos, artistas e intelectuais estão relegados a um plano desconhecido, salvo-conduto, aqueles, cujo sistema já possui como aliados. Fora desta dimensão, os escassos outros pensadores, estão condenados a marginalização: não são pragmáticos para a ideologia vigente; portanto sem serventia para o sistema.
No entanto é valioso ressaltar que o termo aliado recebe conotações escravagistas modernas. Os parceiros do sistema efetuam o papel de humanóides (seres cerebrais sistematizados em função de uma ideologia cuspida de cima para baixo), não possuem razão própria.
O Círculo de Ribeirão é a resistência contra todos os “escarros” lançados sobre nossas cabeças, oriundos desta parafernal boca denominada “Estado de Poder”, e estamos cientes que resistir não significa impedir ou evitar.
A postura é a das mais ousadas possíveis: vanguarda. A identidade magna que a nós pertence é a capacidade de compreender a artilharia mental e mortal do adversário.
Romper com as mazelas do sistema significa assumir a posição de amantes da sabedoria marginal. Sim. Somos filósofos marginalizados pelo sistema. Enxergam-nos como excrementos e constantemente estamos sendo lançados para dentro das “privadas ideológicas”, sob a pressão de “distúrbios legais” e “descargas morais”.
È a luta entre Davi e Golias em episódios desiguais, desta vez o prepotente e gigante Golias, munido com sua pesada e pontiaguda lança, enfrenta um Davi desarmado e sem a ajuda divina.
O momento nos exige extrema organização. Pensar novas estratégias, aprimorar as habilidades cognoscíveis, expandir-se para o novo, libertar dos velhos paradigmas e atirar-se sem medo para o desconhecido.