Refletindo

Refletindo

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Apresentando representantes do pensamento marginal, Tchê filósofo


 Apresentando representantes do pensamento marginal.

BOREL  DOS  PENSADORES

Todos pensam e pensam tudo.
E não há quem não pense o que quiser.
Se existe alguma coisa solta,
Se existe alguma coisa livre de leis, doutrinas e regras,
Esta coisa é o pensamento. 

Pense o que quiser,
Pense até Borel.
Somos livres pra pensar,
E para isto não há cadeia, não há grade, não há algema.

Penso no gueto urbano,
Penso na esperança,
Penso no verde,
Penso no mato.
Penso e prenso, penso com o mato.
Penso beleza quando livre estou.

Penso nisto, até naquilo,
Mas não esqueço disto.
Esqueço até o juízo do outro, mas não isto.

Penso que são esses cantos de recantos,
Que me encantam o pensamento.
Penso que o Borel é o mirante
De onde se mira as luzes das idéias.

Penso que o Borel é o instante da miração
De quem ainda pensa sossegado,
Apesar desta sociedade podre e agitada.

Pense lúcido ou pense louco,
Mas pense bem meu camarada, ou somente pense:
Borel não é rampa de pedras,
É morro de pensamentos.
Não é ladeira com casas escoradas,
Mas é escalada na subida das idéias.

Borel é a oca, é a toca,
É a maloca dos pensadores.
Aqui a verdade é nossa,
Ninguém tasca, ninguém toca.
Não insisto, mas pense nisto.

                                                          _Tchê filósofo______
Comedor de cérebros

3 comentários:

  1. " O pensamento é escalada na subida da ideias.Apesar desta sociedade podre e agitada",façamos a nossa escalada rumo ao pensar livre,mas em sintonia comunicativa entre os pensadores dispostos.Viva a sociedade marginal!Viva o Círculo!Viva a dialogicidade permanente!Viva a filosofia!Viva os entrepostos! Viva o martelo e a bigorna.

    ResponderExcluir
  2. As pessoas podem ficar em cima do muro em seus posiciomentos verbais, mas não existe neutralidade no pensamento.

    ResponderExcluir
  3. Talvez o belicoso mundo não tenha tempo para realizar-se, daí se vai essa multidão do sem si para com si mesma, vazia de sentido. tudo é interpretação, até mesmo o pensamento do nada transforma, tudo é movimento.
    viva a vida nesta possibilidade inevitável da morte. viva as lara dainhas!!!

    ResponderExcluir

O mito da caverna (Platão)

"Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ele e os prisioneiros – no exterior, portanto – há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte frontal de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela os prisioneiros enxergam na parede no fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginavam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.Que aconteceria -indaga Platão- se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria.Num primeiro momento ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda a sua vida, não vira senão sombra de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade.
O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das idéias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética. O que é a visão do mundo real iluminado? A Filosofia. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembléia ateniense)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro."